29 janeiro 2010

A arte de conhecer a si mesmo

Texto da revista virtual VidaSaúde
Aristóteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno das coisas. Hoje, essa forma de expressão é reconhecida como uma via com fins terapêuticos.
por Cristina Almeida
Rituais de cura
Desenhos são símbolos. E ao longo da história, em todas as culturas, muitas manifestações artísticas - dança, música, esculturas, pinturas corporais ou na areia etc. - têm sido usadas pelo homem em seus rituais de cura. A explicação para isso é que todas essas atividades possibilitam a decodificação das sensações.
Em uma sessão de Arteterapia, esse ritual se repete. A criação acontece de forma espontânea, sem preocupação com padrões estéticos. Entre os instrumentos utilizados estão pintura, colagem, modelagem, fotografia, tecelagem, expressão corporal, teatro, sons, músicas ou criação de personagens. Os resultados são muitos, rápidos e profundos, pois a arte possibilita a cura por meio da expressão das emoções e da ampliação da percepção do mundo subjetivo (consciência). Observando a própria obra, o paciente tem a oportunidade de comentar o que vê e percebe, além de identificar o que pode ser reformulado em sua vida.
Valéria Gestivo, consultora de Arteterapia do departamento de Saúde Mental da Secretaria da Saúde de Palermo, e integrante do corpo docente da Arte Terapeuti Associati, com sede em Milão (Itália), fala que a arte, em si, representa "um veículo de liberação das angústias e do desconforto. Ela expressa a potencialidade e a realidade humana, mas também é um instrumento para compreender a si mesmo e até resolver algumas dificuldades".
Essas formas de se vivenciar as feridas emocionais permitem vislumbrar novas perspectivas. "A imagem em um pedaço de papel é uma mensagem de você para você mesmo. Como a arte é uma metáfora, ela proporciona a descoberta de possibilidades", afirma Selma Ciornai, psicóloga e psicoterapeuta, supervisora e coordenadora acadêmica do curso de Especialização em Arteterapia do Instituto Sedes Sapientiae, em SP.
Sob orientação
Para usufruir dos benefícios dessa terapia, não basta a prática de alguma atividade criativa. Segundo as especialistas, esse tipo de exercício é sempre relaxante e saudável, mas não significa que funcionará como Arteterapia. "Para que essa atividade cumpra seus fins, ela deve ser praticada sob o olhar cuidadoso de um profissional. É essa presença ativa do terapeuta que facilitará o processo de perceber e lidar com os próprios problemas e recursos", diz Selma.
"A proposta é trabalhar com o indivíduo de forma holística. Por isso, o que se espera dos terapeutas é que eles sejam hábeis na comunicação das palavras e das imagens", acrescenta Valéria. "No final do tratamento, o paciente deve ser capaz de ver as coisas belas que produziu como algo vindo do 'seu eu profundo', nascido dele, e com o qual poderá abrir sua própria janela para o mundo", completa.
E não se trata, apenas, da necessidade de uma orientação técnica que guie o paciente na reflexão sobre os problemas e na busca da superação das dificuldades. Para Selma, "a arte é a linguagem da alma, por excelência. Porém, o que existe de mais terapêutico é a presença amorosa do outro, que ajuda a identificar as áreas complexas que dificultam o caminhar. O poder da relação é que é extremamente curador - porque, na companhia do outro, é mais fácil transcender a dor".
Para o corpo e a alma
Indicada para pessoas de todas as idades, esse tipo de terapia não possui contraindicações. As sessões têm duração variável (1, 2, ou até 4 horas) e podem ser eficazes no trabalho individual, entre casais, famílias ou em grupo. Útil para combater os males psicológicos e psiquiátricos, ela é, também, coadjuvante do tratamento de disfunções cerebrais. Escolas, centros de reabilitação e de idosos, hospitais e institutos correcionais são alguns dos exemplos onde a Arteterapia pode ser aplicada com sucesso.
Em São Paulo, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) mantém um ateliê de arte-reabilitação, coordenado pela Arteterapeuta Ana Alice Francisquetti. A união entre arte e reabilitação tem como objetivo promover a melhora da saúde de portadores de paralisia cerebral, acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo cranioencefálico etc. Para esse grupo, a Arteterapia é a porta de entrada para o convívio familiar e social, o desenvolvimento motor, psíquico, emocional e cognitivo, auxiliando na reorganização funcional do cérebro.E não é só. Um recente estudo realizado pela psiquiatra Hanne Stubbe Teglbaerg, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Aarhus (Dinamarca),confirmou que a Arteterapia reduz a ansiedade e eleva a capacidade da pessoa de resolver problemas. Entretanto, o maior benefício para os praticantes é o fortalecimento do ego. Segundo a pesquisa, o envolvimento pessoal no processo artístico e suas reflexões estéticas estimulam o aprimoramento das competências sociais, permitindo o relacionamento com outras pessoas. Esses resultados garantiram notável melhora na qualidade de vida de pessoas com esquizofrenia que participaram do estudo.
Criatividade e inconsciente
Como as artes plásticas são a base da Arteterapia, algumas pessoas podem se sentir inaptas. Mas as especialistas lembram que é natural cada um ter suas preferências e, felizmente, há várias opções para escolher: música, dança, escrita criativa etc.. "Seja lá qual for a preferência, o que importa é que o processo criativo é terapêutico.
Ele representa a possibilidade de desafiar o velho, permitindo a crença de que criar algo novo, na vida, é possível. E a arte é esse objeto intermediário", fala Selma Ciornai.
E mesmo que alguém esteja impossibilitado de desenhar ou pintar, a observação das obras de arte também pode ser estimulante. "A arte tem poder. E ela pode mover as pessoas de várias formas, desde que aconteça uma conexão de ordem pessoal", diz Neil Springham, chefe do departamento de Arteterapia do Serviço Nacional de Saúde (SNH) da Grã-Bretanha.

Mostra dos trabalhos feitos por pacientes da AACD

Revista Viva Saúde

26 janeiro 2010

Superdotação no Programa Polêmica

Profissionais da área debateram sobre Superdotação no Programa Polêmica
Dia 15 de outubro de 2009, a psicóloga Nara Joyce Vieira, coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas Portadoras de Altas Habilidades/NAPPAH/ FADERS/SJDS e vice-presidente do Conselho Brasileiro para Superdotação/ ConBraSD, juntamente com outras profissionais, participou de um debate no programa POLÊMICA, de Lauro Quadros, na Rádio Gaúcha.
O debate versou sobre a notícia veiculada na mídia de uma criança de dois anos e cinco meses com um alto quociente intelectual. O tema gerador do debate era: CRIANÇA SUPERDOTADA É MOTIVO PARA COMEMORAR OU PARA LAMENTAR? Na pesquisa de opinião pública feita no ar, o resultado foi que, de um total de 117 participações telefônicas ou via internet, 72% dos ouvintes consideraram que uma criança superdotada no seio da família é motivo para comemorar e somente 28% se posicionaram como lamentável e preocupante.
Ouça aqui o programa na integra.
http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=81322&channel=40

25 janeiro 2010

Yoga e Arteterapia...

 Dr. Ellen Horovitz  integra yoga y arte terapia. Potencializando el proceso de rehabilitación y sanación. Dr. Horovitz es arte terapeuta certificada por la Asociación Americana de Arte Terapia (AATA), profesora de yoga tambien certificada, ex presidenta de la Asociación Americana de Arte Terapia, directora del programa de Arte Terapia en Nazareth College of Rochester, Nueva York y parte del directorio de la AATA y de la SAH (Society for the Arts in Healthcare).

Dançando com a diferença - A menina da lua

Dançando com a diferença - A menina da lua

CUIDAR NOSSO OLHAR, NOSSA VISÃO, NOSSO INTERIOR

Na medida em que cuidamos de nossa visão interior, limpando pensamentos, alertas aos nossos sentimentos e emoções, estamos inteiros para novas vivências...(S.L.) 


Descobri que aquilo que intutivamente faço e pensava que me ajudava... tem fundamento. Hoje já é tema em programas de reeducação visual... para quem fica muito tempo frente a um monitor as dicas são simples... e sobre tudo preventivas.! Cuidar nossos olhos, o foco de nossas ações, nossas emoções, nossa alma.
Vai dica recebida de C.M.Costa, ex-aluna, agora colega...
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O problema:
"...Diante de um monitor do computador, durante horas, os olhos perdem a elasticidade do cristalino e do músculo ocular, perdem os movimentos espontâneos, pois os olhos passam da tela para o documento e vice-versa, sem variar as distâncias para outros objetos: a falta de mobilidade dos olhos leva também a excesso de uso do foco central em detrimento da área periférica dos olhos, criando problemas na retina, visão em túnel e os conhecidos sintomas de excesso de sensibilidade a luz ou perda de qualidade de visão no final da tarde e a noite! Outro aspecto importante é a visão plana, bidimensional verso a tão necessária tridimensionalidade que os olhos querem. Cada vez se obtém menos uso dos dois olhos juntos e do cérebro que quer enviar informações tridimensionais e força mais um olho que outro, com graves conseqüências de visão: visão dupla, olho preguiçoso, diplopia, etc.
Na primeira fase quando decidir que vai assumir o problema da visão x computador e a decisão de alterar a situação na busca de bons resultados, vamos acrescentar alguns itens importantes para a nossa fórmula para a saúde dos olhos, sem esquecer a conscientização do stress e das conseqüências graves do uso errado dos olhos:
Implementar: dicas importantes: Tomar consciência e gerir a ansiedade, a agitação dos trabalhos que tem de ser feitos, datas e horários a serem cumpridos e respeitados. Dê mais tempo para organizar as suas mais atividades mais importantes, selecione o que é urgente, importante e o que pode ser feito mais tarde. Use diferentes auxílios para conseguir manter a calma e lembrar do que pretende fazer: coloque diversos lembretes (post-it) em pontos que utiliza mais: em cima do teclado, no celular, no telefone fixo, no espelho, dentro da carteira de dinheiro, por exemplo. Crie novos hábitos, associando, por exemplo, sempre fazer um exercício de visão quando está tomando o café ou no intervalo do lanche; ou ainda, quando atender uma chamada telefônica, olhar para longe e piscar, respirando profundamente.
Programar no seu computador e no seu celular um aviso de interrupção regular. No despertar, sair da sua cadeira, andar até a máquina de fotocópias ou arquivos ou à mesa do colega, olhar pela janela para a vista mais distante possível. Expandir! Se não tiver uma janela com vista para fora, coloque um calendário na sua mesa com uma ou várias cenas bucólicas, ou um quadro com paisagens contendo um horizonte distante.De forma regular olhe para estas cenas, relaxe e imagine-se ao longe, a ver montanhas, rios e oceanos. Fazer pausas regulares no trabalho, criar momentos curtos de relaxamento dos olhos, com movimento do corpo e respiração.
Boas intenções, novos hábitos. O importante é criar novos hábitos saudáveis para o corpo e para os seus olhos. Atenção para não deixar passar o tempo e só lembrar o que deveria ter feito quando já é tarde, já está sentado à TV ou cansado na cama com os olhos ardendo.A intenção é correta, os atos também tem de ser.
(...)aprender a cuidar dos seus olhos.
(...)encontrar formas de relaxamento, exercícios de visão e de corpo para enfrentar as tensões externas e resistências internas à mudança..."

Sylvia Lakeland.  Disponível: http://www.lakelandsylvia.com.br/  ...
* Artigo publicado no Jornal O Legado Holístico, n°7 5 http://www.iaol.com.br/

22 janeiro 2010

Compromisso e intimidade....

achei um material bem bacana para compartilhar,
de Jean Clark Juliano...

"Se existem duas palavras que são temidas e banidas hoje na nossa sociedade, são compromisso e intimidade.

Naqueles tempos a ideologia valorizava o compromisso e intimidade. A possibilidade de compartilhar momentos de vida, muitas vezes tornava o fardo, a dor, o desencanto mais leves por serem divididos com pessoas amigas. E elas muitas vezes, não tinham nenhuma idéia do que poderiam fazer para ajudar, mas ficavam presentes. E a presença era o fundamental.
Tudo hoje ocorre numa rapidez estonteante, e de maneira muito intensa, sem tempo de preparação ou reflexão, sem que se possa escolher, discriminar aquilo que é nutritivo daquilo que é tóxico.


(Imagem :Angélica Shigihara. Jornada de criatividade Agosto 2009)
Acontecimentos importantes e rituais básicos são esquecidos e desconsiderados, banalizando relações e realizações e sempre em busca do próximo evento, daquilo que ainda está por vir. Não pela existência de algum projeto consistente, mas infelizmente pelo consumo do "novo". A ênfase no aqui e agora é confundido pela apreensão daquilo que é imediato, do já.

O que é, afinal, Arteterapia?

(Entrevista publicada na http://www.gestaltsp.com.br/fique.html)


O que é, afinal, Arteterapia?
Como ela pode funcionar como terapia?
É um conceito diferente de terapia ocupacional?Se você já se deparou com estas questões, saiba que não está só.
Elas nortearam a entrevista que Selma Ciornai concedeu ao jornalista Walter Sebastião do jornal Estado de Minas:

W. Sebastião: O que é, afinal, arteterapia? Como a arte pode funcionar como terapia? É um conceito diferente de terapia ocupacional?
S. Ciornai: Arteterapia é a utilização de linguagens artísticas, predominantemente plásticas, de símbolos, metáforas e, de forma geral, da criatividade, em processos terapêuticos. A arte é uma expressão humana desde a Idade da Pedra, e como tal é uma necessidade tanto individual como social. Porém, funciona como terapia quando utilizada em um enquadre terapêutico. Por trabalhar com o criativo, lida com o novo e processos de criação artísticos, por envolverem os sentidos, o "fazer", são em geral muito revitalizantes e, às vezes, também relaxantes. Proporcionam a possibilidade de ver "o velho" com "um novo olhar" , de reconstruir de formas novas velhas percepções. Além disso, ao contrário dos sonhos, os trabalhos de arte são sempre surpreendentes para a pessoa que cria, que pode encontrar no trabalho que criou uma fonte de reflexão e auto-conhecimento. E neste sentido, a arteterapia facilita o encontro da pessoa com seu eu mais autêntico.
Difere da terapia ocupacional em princípio pelo próprio nome, pois a arteterapia não tem por intenção "ocupar", mas proporcionar experiências de criação, auto-conhecimento e crescimento pessoal. Acho que não só as atividades propostas diferem, como também a própria atuação do terapeuta. No entanto, ouço dizer que há correntes mais modernas em terapia ocupacional que ampliam seus objetivos nesta direção.

W. Sebastião: Como surgiu a arteterapia?

S. Ciornai: Apesar de que o interesse pelos trabalhos de arte de pacientes psiquiátricos como elemento diagnóstico já vinha acontecendo na Europa, a Arteterapia surge como profissão nos EUA i.e., logo após a segunda guerra mundial, através do trabalho de Margareth Naumburg. Inicialmente professora de arte em escolas de vanguarda em Nova York, Naumburg, ao perceber como a arte ajudava as crianças e adolescentes em seus processos de desenvolvimento pessoal, interessou-se durante a década de 30 e 40 em explorar sua eficácia também no campo da psicoterapia e da psiquiatria, publicando sua primeira pesquisa em 1947. E desde então, este campo se desenvolveu e ramificou em várias linhas e escolas.

W. Sebastião: Existe doenças para os quais a arte é especialmente recomendada?

S.Ciornai: Bem, como já disse a arteterapia não atua só em "doenças", atua também em trabalhos de cunho preventivo, atualmente chamados de "promoção de saúde" , e na facilitação de dificuldades na vida que todos experienciam, como conflitos pessoais ou familiares, tristezas, medos, etc. Em relação à doenças, eu destacaria como especialmente favorecidas aquelas em que a expressão e a comunicação verbal estão mais comprometidas, seja por um comprometimento cognitivo (como em alguns distúrbios psiquiátricos) , seja devido ao fato de que a linguagem verbal às vezes é muito crua e dura para falar de experiências mais traumáticas e dolorosas; a imagética, a linguagem simbólica e metafórica , permitem expressar sentimentos e sensações de um outro jeito, por uma outra via. Um exemplo pungente é a obra de Frida Kahlo.

W. Sebastião: E existem artes particularmente "úteis" como terapia?

S. Ciornai: Não, mas acho que cada linguagem artística tem suas características, que evidentemente irá facilitar mais certos processos. Por exemplo, nas artes plásticas, cria-se um "trabalho", que pode servir de fonte de reflexão para a pessoa, e, também, atuar como objeto facilitador de contato e comunicação com o terapeuta e outros participantes de um grupo de forma menos "ameaçadora" do que uma dança, uma performance ou um cantar individual. A música por outro lado, quando cantada junto, cria instantaneamente um sentimento de comunhão e harmonia grupal, que, em um trabalho de artes plásticas só se alcança após um processo mais longo de criação grupal.

W. Sebastião: Qual é o limite para a arteterapia? Pergunto porque há artistas que parecem se entregar a "doença". Ou, para o artista, a arte nada tem de terapia?

S. Ciornai: Não sei se entendi direito a pergunta. Muitas pessoas criam, mas isso não é "arteterapia ". A produção de um artista, assim como várias outras coisas na vida, um filme, uma peça de teatro, um encontro com um amigo, podem ser "terapêuticos" no sentido de serem reveladores, propiciarem reflexões , insights, i,.e, de serem propulsores de crescimento pessoal. Mas a arteterapia , assim como outras terapias, implica em um enquadre terapêutico e na presença ativa de um terapeuta, que acolhe, ajuda, facilita e está presente com um olhar e uma postura terapêutica , facilitando as dificuldades e entraves do outro. A produção de um artista pode ter valor estético, mas do ponto de vista de seus processos pessoais pode estar implicando apenas na expressão e catarse de suas patologias.... o que sem dúvida pode ser "terapêutico" no sentido mais restrito de estar canalizando para a arte o que poderia ser lesivas para a sociedade , mas isto implica em uma visão muito limitada de "terapia". Por outro lado, essa idéia de que a arte é a expressão de "doenças e patologias", e que o artista se fizer terapia perderá sua "vertente criadora" é absolutamente errônea e fruto de uma "psicanalização" indevida da vida. A arte é uma necessidade humana, e como tal, uma das nossas expressões mais saudáveis e sublimes.Todas as pessoas e todas as sociedades têm a capacidade inata de criar e de se expressar criativamente --veja como todas as crianças criam. Às vezes isto se perde no que a criança cresce, é reprimido -- e é justamente na educação que corta a expressão criativa que as raízes de muito de nossas patologias sociais se encontram....

W. Sebastião: Trabalho há muitos anos no setor de arte e cultura. E já ouvi dezenas de artistas dizerem que senão fizessem arte eles morreriam, enlouqueceriam etc. Descontando o que há de "retórica" na afirmação, pode-se ouvir nelas ecos da função terapêutica da arte?

S. Ciornai: Sim, como já disse, e apoiando-me em autores como Fayga Ostrower (Criatividade e Processos de Criação ) , Ernest Fisher (A Necessidade da Arte) e outros, acho que a expressão através de linguagens artísticas é uma necessidade humana, e uma fonte de revitalização e auto-estima tanto individual como comunitária, um canal dialógico entre o indivíduo e seu mundo. Talvez artistas estejam entre aquelas pessoas mais sensíveis que sentem esta necessidade de forma mais premente e visceral. Mas acredito que a expressão artística seja uma necessidade e uma aptidão de todos. Especialmente porque vivemos hoje em dia recebendo tantas informações , por meios de comunicação e na própria vida, que necessitamos de um espaço onde possamos elaborar e processar estas impressões para, por um lado, não nos transformarmos em passivos receptores de informações, e por outro, não nos intoxicarmos com toda essa massa de estímulos e informações que nos chegam e que estimulam E ferem nossa sensibilidade a cada minuto.

W. Sebastião: Podia falar dos títulos e dos objetivos da coleção “Percursos em Arteterapia”?

S. Ciornai: Bem, iniciei em 1989 um curso de extensão em Arteterapia no Instituto Sedes Sapientiae, que em 1990, a pedido dos alunos, se transformou no 1º curso de Especialização em Arteterapia a ser dado em uma instituição acadêmica em São Paulo. Em 1989, ao comemorarmos 10 anos de existência, surgiu a idéia desta publicação, que já celebra 15 anos de nossa existência!
Os objetivos desta série foram então, por um lado , fazer um registro deste nosso percurso , ou melhor dizendo, dos nossos "vários" percursos nestes 15 anos, pois a partir do eixo e da fundamentação teórica comum que nos identifica e caracteriza, cada profissional formado utilizou suas experiências, tanto prévias como atuais, assim como sua criatividade, no desenvolvimento de uma forma própria de trabalho, freqüentemente pioneira, em seu campo específico de atuação.
A série "Percursos em Arteterapia" traz de forma didática tanto a fundamentação terapêutica e teórica básica que dá eixo e norteia a formação que damos (a parte sobre "Arteterapia Gestáltica" que consta do 1º volume da série) , como também suas aplicações em áreas diversas -- todas teoricamente fundamentadas ao mesmo tempo que ilustradas através de casos e exemplos práticos. O 1º volume, é constituído por 3 partes: "Arteterapia Gestáltica, Arte Psicoterapia e Supervisão em Arteterapia" ; o 2º volume por "Ateliê Terapêutico, Arteterapia no Trabalho Comunitário, Integrando Trabalhos Plásticos com Linguagens Expressivas e Arteterapia e História da Arte", e o 3º por "Arteterapia no Contexto Educacional, Psicopedagógico e de Saúde "
Por outro lado, ao ler estes textos percebe-se claramente tanto a formação comum do qual derivam, quanto a diversidade dos trabalhos e estilos apresentados. Por isso no prefácio comparei a série à uma árvore, que tendo raízes e um tronco sólido e consistente comum, ramifica-se em várias direções, gerando novos frutos e folhagens. Neste sentido, um outro objetivo que procuramos deixar claro é o da necessidade de uma formação consistente na área, pois evidentemente para ser arteterapeuta não basta ser artista e gostar de trabalhar com pessoas ou ser psicólogo e gostar de arte. Arteterapia é uma área transdisciplinar que exige uma formação série, consistente e específica.

19 janeiro 2010

ARTETERAPIA: Criando bonecas, costurando historias....


...alinahvando botões...


... costurando personagens...


Imagens de Angélica Shigihara

Em processo terapêutico a confeção de bonecas surgiu de maneira espontânea num dos primeiros atendimentos individuais realizado no início de minha caminhada profissional...
Lembrando esse processo maravilhoso, resgatado em recente encontro, compartilho achados de possibilidades com este tipo de trabalho....
 
BONECAS NEGRAS FEITAS COM SOBRAS DE PANO, SEM USO DE COSTURA OU DE COLA das Artesãs Livres Associadas Cooperativa Abayom
" A história das Bonecas Abayomi, começou com Lena Martins, uma maranhense militante do movimento de mulheres negras, que procurava na arte popular um instrumento de conscientização e sociabilização. Logo outras mulheres se juntaram ao movimento e fundaram a Cooperativa Abayomi, em 1988.
Inspiradas em personagens do cotidiano, contos de fada, circo e orixás, as Bonecas Abayomi, sempre negras, buscam o fortalecimento da auto-estima e reconhecimento da identidade afro-brasileira. São feitas de sobras de panos cedidas pelas confecções, que são amarrados, resgatando o fazer artesanal da forma mais singela, sem costuras e com o uso mínimo de ferramentas, enquanto questões sobre o racismo, sexismo e violência são refletidos. A Cooperativa também ministra cursos, oficinas e palestras". http://www.pontosolidario.org.br/bonecas_abayomi.htm

"A palavra abayomi tem origem incerta, em iorubá, significa aquele que traz, felicidade ou alegria. (Abayomi quer dizer encontro precioso: abay=encontro e omi=precioso). O nome é comum na África do sul. No Brasil, designa bonecas de pano artesanais, muito simples, a partir de sobras de pano reaproveitadas, feitas apenas com nós, sem o uso de cola ou costura e com mínimo uso de ferramentas, de tamanho variando de 2 cm a 1,50 m, sempre negras, representando personagens, de circo, da mitologia, orixás, figuras do cotidiano, contos de fadas e manifestações folclóricas e culturais.
As abayomis são bonecas de pano negras, feitas com sobras de tecido, amarrados um no outro, sem a utilização de costuras e com o mínimo de ferramentas. Elas são fabricadas com inspiração em personagens da mitologia, do folclore, como por exemplo, os reis magos, os orixás, as fadas, entre outros.
E vejam mais....
Foi tentando fortalecer a autoestima e o reconhecimento da identidade afrobrasileira que surgiram as abayomis. Elas são muito usadas como colar, representando um amuleto de proteção espiritual.
As bonecas abayomis foram criadas pela educadora popular e militante do Movimento de Mulheres Negras, Lena Martins. A artesã, de São Luiz do Maranhão, buscava um instrumento de conscientização e sociabilização da cultura negra. Assim como Lena, outras mulheres se interessaram pela causa e, em 1988, no Rio de Janeiro, fundaram a Cooperativa Abayomi.
A palavra abayomi é de origem oiruba e pode ser traduzida como “meu presente” ou “aquela que traz minhas qualidades”. O nome é muito usado na África do Sul.
Curiosidades: Na viagem para o Brasil as escravas negras rasgavam as barras das saias para fazer bonecas abayomi para as crianças brincarem. Já aqui no Brasil as escravas se reuniam todos os dias na senzala para confeccionar as abayomis pedindo saúde e prosperidade". http://unegrosc.blogspot.com/

15 janeiro 2010

ARTE, ARTE, ARTE... Educação Especial...

Final de ano: uma surpresa. Recebi confirmação para um curso em Santa Catarina.
Foi sobre arte, educação inclusiva... explorando possibilidades para trabalhar arte-educação com NEE...
Foi um prazer ensinar, compartilhar, despertar o interesse por um novo olhar nas pessoas diferentes, propiciar a descoberta que é possivel trabalhar com diferentes ritmos de aprendizagem, diferentes necessidades físicas e compreender que não há uma só maneira de aprender ou... ensinar!.
Amei trabalhar com este grupo em terras catarinenses.






Aprender a olhar, a sentir, a pensar, procurar, pesquisar, flexibilizar, compreender, criar, superar medos, diferencias, pre-conceitos...
Dezembro 2009